A série Chespirito: Sem Querer Querendo, lançada pela HBO Max na última quinta-feira (5), revisita os bastidores da clássica produção Chaves (1973) e destaca os conflitos nos bastidores do humorístico. Um dos pontos mais sensíveis da trama é a relação conturbada entre o criador Roberto Bolaños (1929-2014) e Carlos Villagrán, intérprete original de Quico.
Na nova produção, o personagem aparece com o nome fictício de Marcos Barragán, já que Villagrán e Florinda Meza (dona Florinda) não autorizaram o uso de suas imagens. Juan Lecanda, responsável por viver a versão ficcional de Quico, falou sobre a delicadeza do papel e a importância de retratar as tensões com fidelidade.
“Existia um ciúme profissional. E, sim, existiam tensões e atritos. É preciso oferecer isso na série, para não parecer uma encenação”, afirmou o ator, em entrevista ao UOL. Ele destacou que a narrativa foi construída sob o ponto de vista de Roberto Gómez Bolaños e que coube ao elenco representar esses conflitos com base em materiais disponíveis.
Juan disse ainda que não sabe como a família de Villagrán vai reagir. “Eu acho que não cabe a mim, como ator, responder sobre isso, dada a situação real da relação entre os atores e a família de Chespirito”, explicou. Miguel Islas, que interpreta Ramón Valdés (Seu Madruga), completou em tom de brincadeira: “A reação será ruim”, disse.
Villagrán e Bolaños se desentenderam em 1979, quando o intérprete de Quico quis lançar atrações próprias usando o personagem, o que foi barrado judicialmente. Mais tarde, o ator de Chaves se mudou para a Venezuela e registrou o nome “Kiko” com nova grafia. Para interpretar Quico, Juan Lecanda ou por um processo intenso de preparação. “Eu precisei estudar pequenos trechos de entrevistas e programas sobre Chaves. Isso se somou à semelhança física que eu tenho com o personagem, o que não é mérito meu”, comentou.
“Tenho um bom ouvido e sou muito atento, então me aprofundei nas características físicas. Ele tem uma voz mais aguda, então precisei acertar o tom”, disse. O ator também elogiou o roteiro da série e o esforço do elenco em dar profundidade à história. “Há muitas camadas de profundidade, e isso é graças ao nosso esforço. Acho que eles não podem me culpar por nada, gostem do resultado ou não. Fiquei emocionado por abordar o personagem com tanta verdade, honestidade e responsabilidade”, pontuou.
Michaele Gasparini é sócia-fundadora e editora-chefe do TV Pop. Corredora nas poucas horas vagas que tem, atuou como repórter no Notícias da TV e foi colaboradora da coluna do Leo Dias. Além disso, trabalhou em diversas atrações do SBT, e encerrou seu ciclo na emissora fazendo parte da equipe de Silvio Santos.